tetos brancos
branco rima com tamanco
2 de dezembro de 2013
cupido de passagem
disse admirada sobre o que poderia ser
uni-nos numa conexão ainda mais ligada, por entre curvas da estrada
numa viagem espiritual
[cause something is happening here and you don't know what it is..]
a realidade alterada, grudada em lembranças passadas
doía de "adaptar"
palavras sábias ajudavam, mas o instinto voltava a predominar
em sonhos e devaneios lembrava cenas, detalhes marcantes de algo
ou alguém que já mudou
antes, era um
mas já agora parecia outro!
conversas variadas sobre pontos tangíveis
relações de incrível harmonia onde tento, ainda agora
me apegar somente ao que me elevara, ao que me elevará
pega de assalto num brilho mágico com garoa de serra
borrifados de água benta
obrigada pela viagem,
ó, cupido do amor
da vocação
do talento
do bem
da fé.
é..!
31 de maio de 2010
ˆˆ
22 de fevereiro de 2010
FP. forever perfect
- Fernando Pessoa
...E assim vêdes, meu Irmão, que as verdades
que vos foram dadas no Grau de Neófito, e
aquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto
Menor, são, ainda que opostas, a mesma verdade.
(Do Ritual Do Grau De Mestre Do Átrio
Na Ordem Templária De Portugal)
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
15 de janeiro de 2010
ah coeurds!
You took me with a glance
I should have took that last bus home
But I asked you for a dance
Now we go steady to the pictures
I always get chocolate stains on my pants
My father he's going crazy
Say's I'm living in a trance
But I'm dancing in the moonlight
It's caught me in its spotlight
It's alright, alright
Dancing in the moonlight
On this long hot summer night
It's three o'clock in the morning
And I'm on the streets again
I disobeyed another warning
I should have been in by ten
Now I won't get out until Sunday
I'll have to say I stayed with friends
But it's a habit worth forming
If it means to justify the end
And I'm walkin home
The last bus is long gone,
And I'm dancing in the moonlight
4 de janeiro de 2010
20!10!
1 de junho de 2009
Glorioso!
Botafogo Hino Oficial Octacílio Gomes |
Botafogo Gentil!
Pura Glória do esporte brasileiro
A expressão mais viril
Da energia e do brio verdadeiro!
A lutar com afã
Tu farás, corrigindo a juventude,
Que o Brasil de amanhã
Seja a pátria da força e da saúde
Teu futuro e teu passado
Defendidos sem repouso
Façam sempre respeitado
Esse teu nome glorioso!
O alvinegro pendão,
O caminho a apontar-nos da vitória
Do Cruzeiro o clarão
As estrelas traduza a nossa glória!
Não te falte jamais
Da ousadia a nobreza e o puro fogo
Que o primeiro, entre os mais,
Há de ser ó glorioso Botafogo.
12 de maio de 2009
Voo Rio!
5 de maio de 2009
9966
Blue jean baby, L.A. lady, seamstress for the band
Pretty eyed, pirate smile, you'll marry a music man
Ballerina, you must have seen her dancing in the sand
And now she's in me, always with me, tiny dancer in my hand
Jesus freaks out in the street
Handing tickets out for God
Turning back she just laughs
The boulevard is not that bad
Piano man he makes his stand
In the auditorium
Looking on she sings the songs
The words she knows, the tune she hums
But oh how it feels so real
Lying here with no one near
Only you, and you can hear me
When I say softly, slowly...
versus
Fugees! Fugees and Mobb Deep tryin to diss now too huh?
Hahaha! Well I ain't prejudiced, I don't give a fuck
This is what it sounds like - when we ride on our enemies
BEYOTCH! When we ride on our enemies
[Verse One]
HEYYYY! Got some static for some niggaz on the other side of town
Let my little cousin K roll, he's a rider now
What they want from us motherfuckin thug niggaz?
Used to love niggaz now I plug niggaz, and slug niggaz
Am I wrong? Niggaz makin songs, tryin to get with us
Must be gone on stress weed, in the West we trust
To the chest I BUST! Then we ride 'til the sun comes
hinin back to brighten up the sky, many die
Heard the Fugees was tryin to do me - look bitch!
I cut yo' face, this ain't no motherfuckin movie
THEN! We watch the other two die slow
Castrated entertainin at my motherfuckin sideshow
BAM! Set my plan in mo', time to exterminate my foes
I can't stand you hoes, uhh
Now label this my fuckin trick shot
My lyrics runnin all you cowards out of hip-hop
When we RIDE - on our enemies
When we ride on our enemies
I bet you motherfuckers die, when we ride, on our enemies
When we ride on our enemies
Bet all you motherfuckers die, when we ride, on our enemies
[Verse Two]
Come take a journey through my mind's eye
You crossed the game, don't explain, nigga time to die, say goodbye
Watch my eyes when I pull the trigger
So right before you die you bow before a bigga nigga, now dry yo' eyes
You was HEARTLESS on yo' hits
Niggaz love to scream peace after they start some shit - pay attention
Here's a word to those that robbed me
I murder you then I, run a train on Mobb Deep! Don't fuck with me
Nigga you're barely livin, don't you got sickle cell?
See me have a seizure on stage, you ain't feelin well, hell
How many niggaz wanna be involved?
See I was only talkin to Biggie, but I'll kill allay'all, then ball
Then tell Da Brat to keep her mouth closed
Fuck around and get tossed up, by the fuckin Outlawz
Before I leave, make sure everybody HEARDKn
ow I meant, EVERY MOTHERFUCKIN WORD
When we ride on our enemies...
my new iPod!
18 de fevereiro de 2009
olhar in d'é vivo
9 de fevereiro de 2009
blue&red
6 de fevereiro de 2009
Iemaná
Ao invés de envenenado"
"Tragada a marola salgada
Inspirada a onde doce
Bacia d'água de rosas, lia"
"Volta rilex pra casa on baic
Tá pon, tá ok, saculejo olé!
E dadas curvas no dedo levo"
"Tito tira os cisos
Vou visitar no verão
Em Bodas de Ouro desejadas
Aproxima-se o coração"
5 de fevereiro de 2009
27 de janeiro de 2009
ep.3 do puteiro sem noção
pegara o ônibus e depois de discutr o passe na barca iria curtir:
gastava o dinheiro com filmes na máquina manual "Da Alemanha Oriental"!
chegando lá, de uniforme, faixa vermelha na careca ruiva, tira fotos de senhores -
que lúdico romantismo! o MAC estava fechado então, vamos reportar! dois senhores narram história e até cartão protetor recebo de lembrança! mas o cara do relógio que com aliança lhe diz levar para um local bacana, bom para se fotografar
vai com ele no prédio grande em frente as barcas e sobe rápido com a câmera debaixo da blusa por ilegal entrar! batem nas portas, e as meninas de 13 do juizado se escondem, não abrem para voz dele às onze! quem abre ouve sobre matéria da colega filha que numa luz negra - filme que nem revelaria - tira fotos das primas com madeixas sobre o rosto.
o safado ou danano se deleita com nossa missão e as mocinhas, rapidinhas nos põe foram num clarão!
descemos, conversamos: que bizarro enforcar! que gazeta, ora essa eu só queria no MAC estar.
dou-lhe uma foto, seu nome: daniel. que experiência, que perigo!? jurei não contar mas narro aqui e no dia seguinte no CPII a meu filme queimar.
ep.2 da cena cafona
ouve atende e combina de juntos presenciar
despede d'amiga, anda até lagoa e ouve ele do ônibus gritar
atende, volta e a volta começa a ferrar. fica no vazio tórrido olhar e cheia de orgulho fala com o ar ele diz pode ir e a ira começar aí. não cede não desce e perde o dourado por um bis de orgulho, teimosia, destino é a ironia.
decidem descer para o fight reter. nada, nada, nada de bom sai de uma semana esquecida de dores onde só se buscava o tom.
a cada passo mais distantes e intrigantes flechas soltavam, saraivadas de horrores eles gritavam e dentro do posto - quem diria -
cena de novela mexicana! rasga blusa, xinga tudo, avança a bike, segura, chora, perdoa, abraça
pedra que uma vez atirou ao mar mas, logo encima aquela adrenalina sempre faz rogar...
que estranha certeza de juntos estar
mas como se ambos sentimentos azedos têm de provar
ainda assim depois de hooooooras sem fim em cumplicidade voltam e evitam
e com fogo, lótus, luz, água e gozo, muito gozo de energia trocar.. trancada a porta amanhecem com estranha sensação de ovos pisar. mas as cenas mágicas que vos une, pagam mil vezes os lamentos que os destrói? ou será que por TAO! terão estabilidade de no silente a dignidade não avançar?
26 de janeiro de 2009
ides
episódio 1 - início do fim ou vice versa
dormia ela exausta da cabeça torta de chorar
doia-lhe a vida por não saber como continuar
a porta se abre e havia um erro
o local combinado a acordava num sentimento de desespero
as palavras em timbre enjoado ressoavam sem piedade
mesmo dada a resposta certa levanta de calcinha, aguarda na sala junto a janela
entra no banheiro e reclama com os cabelos ao ar
recebe um insulto, embasbacada reclama por sua posição
percebe estar sendo xingada para outro por celular
são duas da manhã e por tudo ainda fragilizada é quase irreal o pesadelo vivenciar
a discussão aflora a mãe acorda e dentre minutos palavras de insulto refletem o murro e as marcas de ferimento, puxões de cabelo e a garrafa estoura no chão com vidros a cortar!
solta-se tudo, por sorte não há cortes. só drama dor e uns esfolões na cabeça e bochecha
varro, rogo pragas - no dia seguinte ela perderia o emprego - mãe nua em choque
cacos e o pedido de desculpa negados
...
coloca casaco, carteira, celular e desce. ronda e pigarreia para vigia em soneca - merda de segurança!
chega à praia onde num sonho medium a vê. ouve gentes, desce areia e o ônibus até o desesperado telefonema perde e deixa ser.
senta na pedra mergulha o pé n'água e esquece o corte e o medonho conviver.
volta passo a passo encontra conversa e após banho deita com a esperança esma de numa cena mesma não sofrer. conversa com a mãe em lágrimas ambas, detesta tudo e depois de leite com chocolat às cinco e meia tentam dormir e quiça renovar.
estranho sentimento de prazer a toma por certeza da vontade fora de dentro tomada: como o motivo infeliz da saída que se quiz. procura ajuda, pesquisa aps. mas sabe que além disso é preciso TAO talvez
consiga.
22 de janeiro de 2009
Crepúsculo dos dizeres
Voz ser vórtice crer
Na luz produz
Silêncio sem ver
Pipi popô
Uu aa
Mantras cantas
Uni duo
Sim see ler
Vácuo saco
Crença pensa
Rima ri mais
Pró crescer
Agora afora canora sem sinal
Só símbolo simbiose e osmose
Do love chove manda centra
Vinga venta corre desliza
Berlinda berimbau qual
Som oras sem saber que sabor
Pra ser gostoso gotas GGG
Gerônimo solta mente
Calma abranda lema nua
em bike rua
surfe para tall
Andar sem chute num
Temor das curvas altas
De rede salvam um
N'areia tocam gotas
Doce cinza desce
Pegadas de molhar pés
Passaram mangueira arriba
Maracujá verde e beijo
Pancadas de paixão
8 de janeiro de 2009
ser e ia.
que no google em 3d amplio ruas de nova iorque
tão tão.. tão infinitamente rico e pobre
que números colossais:
"Eu sempre me fascinei com o matemático indiano Srinivasa Ramanujan. Ele dizia que para resolver seus intricados teoremas era movido apenas pela beleza das equações. Na poesia também é assim. É uma espécie de exercício do não-dizer, mas que nos dilata de beleza quando acabamos de ler um poema." (Hilda Hilst)
algo sobre a praga humana que nos fósseis de uma outra era junto a tudo e todos
morreu
peixes abissais... se peixe é paixão e derramar é dar ao mar
sereia ser Eia! Ho!
pois todos os meandros, serão em escafandros de tolice amargas girantes errantes num colosso
o abismo espectral do hole dark crunch
Victor Wooten e a araucária nacional - em extinção
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
"Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas".
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto".
H.H.
28 de dezembro de 2008
aura q paira num leito de verao
por entre imagens tocantes e lembrancas rascantes
pensava em marcar, digitar, ou simplesmente queimar
tem os que de bate pronto
outros que dentro fica e vai, vai e quem dirá
quando volta vem azedo, amargo, estragado
mas nesses timings a diferença está no signo (quiçá)
sempre as impressões são as primeiras e últimas a se recordar
como um padrinho a quem todos vem estar e tudo sabe
onde minha própria sombra vem me açoitar
dieu c'est me hendrix!
falavamos de sombras, ria-se
viamos vídeos, ria-se
a grande cena italiana não aconteceu, senão em mim no flash que... não aconteceu
dias passei com o inconsciente a pasmar, como pode!? que incontingência rosnar!!!
a continuação vem aí! opções de vôo poderia testar, sabendo que
é vida, agora! como sofia na ponta do pelo lembrei
no teatro minha loucura iniciei e agora
onde parei?
um, dois, alguns ganidos e tibuns
em dias cinzentos onde o silêncio era tudo que rogava
mesmo no meio do samba, os três estalos meu anjo não parava
e de lembranças dos meus 21 são três! agora dois e sempre um
Let's Face The Music And Dance
A Festa dos Linquetes
O Guardador de Rebanhos - trecho
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –«Se é que ele as criou, do que duvido» –«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.»
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu
Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?