14 de março de 2006

COLÉGIO PEDRO II
4ªSÉRIE 1998 - 3ºANO 2005(6)
2 GREVES
GRÊMIO
PEÇAS
PASSEATAS
HINOS
FLAUTA
MÚSICA
ARTES
ADVERTÊNCIAS
"ATRASADO(S)"
FALTAS (muitas)
CACHAÇAS, BECKS
XOXONITES
AMIZADES
FRANCÊS
FILOSOFIA
CIDADANIA/SOCIOLOGIA
RECREIO
IRANY
EMBLEMA, CADERNETA, MEIA BRANCA, TÊNIS PRETO, BLUSA FECHADA...
LOUIGI, LUCIENE, ROSÂNGELA, FACHINEIRAS
ORGULHO DA FARDA, DA SAINHA... =)
enfim... tantas tantas tantas coisas que só posso levar e compartilhar são as lembranças com meus amigos da família CPII. Com certeza terão preparado um discurso muito mais meloso que o meu agora, amanhã na colação... lágrimas vão rolar. Minha hora chegou. É o fim. Começo de nova etapa. Talvez como iziam, da vida real. Acabou o "laboratório do mundo"... henfil, obrigada pela minha vida ter sido feita lá por tantos anos, minha formação, minha cabeça, minha vida até os 18 anos, desde o 10. Obrigada Margarida, minha "tia" que permitiu o pistolão. Espero tê-lo honrado. E terei sempre em mente a responsabilidade de cumprir com minha formação no CPII. Cidadão de enorme e subido valor... bla bla bla.. É isso, THIS IS THE END, BEAUTIFUL FRIEND!

Um comentário:

Super Carneiro disse...

On every thing that stands, the end,
I´ll Never look into your eyes,
again.

Can you picture what will'it be
So limitless and free...
Desperately in need of some
stranger's hand.



Engraçada, porém quase mórbida, a maneira como essa musica pode ilustrar o término da escolaridade "inferior" (em opoisição à escolaridade superior).

Para o rito de passagem que é a entrada na faculdade, e consequentemente o fim das pessoas em cima da gente, o fim das matérias que não tem porra nenhuma com o que a gente vai fazer, o fim das faltas, a radical diminuição de controle sobre nós, o inicio das choppadas, das festas da faculdade, do contacto com as próprias resposabilidades dantes de com as responsabilidades para com aqueles que nos guiam... bem... Eu gosto dessa daqui:

"I'm wiped out, robbed up, I got burned.
Don't you know
Life is so easy when your on your own

I'm Hungry I'm Thirsty I'm horny I'm stoned.
Don't you know
Life is so asy when your on your own.

Leaving home, on your own, LIVING HOOOOOME, ON YOUR OOOOWWN!!!
Life is so easy when your on your own!!!"


Aracy

Billie

Let's Face The Music And Dance

Let's Face The Music And Dance
Dinah

Ella

O Guardador de Rebanhos - trecho

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –«Se é que ele as criou, do que duvido» –«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.»
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu
Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

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