29 de março de 2006

le taureau et la vierge (o touro e a virgem ou a virgem e o touro...)


Vierge non, verde. Vert! Era tudo muito verde. Tudo ao redor, a luz refletida: verde, verde, verde. Foi no pasto, grama alta (verde) ao redor soprada pelo vento morno matinal...Talvez um pouco do efeito das gramas verdes que estavam na minha visão leeentaa.....
O som poderia ser "muita calma pra pensar e ter tempo pra sonhar.." (mas da janela não se via o Corcovado Redentor, que lindo). Via-se montanhas, silhuetas, perfis, e uma lua com estrela Dalva na espinha dessas montanhas que quase hipnotizava a retina de quem vê... Porém era dia, e a trilha sonora era bem definida: vozes blues, sambas de amor e.. tudo de novo.
(A repetição marca, bem melhor seria poder ouvir outros mais, sem ter que esquecer, todos os CDs, lá no René.)
Mas, ótimo foi o cenário pra tais músicas marcantes.. Enfim, voltando à vaca fria, pasto, algo bucólico, parnasiano, animal, astrológico...
Ela veio como criança serelepe que é, instigante, abusada, ingênua e ousada instigar e brincar com o touro. Ele na dele, ignorava. Aos poucos, com sábia leveza e jeito brincalhão, começou a cativá-lo. Ele, que relutava em aceitar - pois prefere abstrair sua presença e continuar na segurança do seu espaço, sem muitas aventuras onde não estava dominando a situação, ou estava determinado a encarar - com algumas chifradas (bem desviadas por ela), começava a gostar da presença, do convívio de brincar e à ela aceitar em sua vida.
Assim entraram no jogo um do outro e de ambos. Relação lúdica onde dois seres tão diferentes extraiam possíveis formas de se descobrirem numa espécie de fissura de criança.
Ela já montava nele, e corriam, e carinhos e lambidas, e abraços e calor, tudo num amor que parecia sem fim. Mas... "todo carnaval tem seu fim"... (odeio Loser Manos :P)
As brincadeiras não soam como deviam. A cisudez e independência taurina causam insegurança e ressentimento na virgem que exige jugo. Ele não aceita a desconfiança em forma de laço. A fidelidade à prova constante (constrange!). A independência que ameaça.

Mas o corpo protetor e o jeito orgânico dele, uma coisa fixa de terra. E o jeito jovial, companheiro e mutável que dá vontade de levar na garupa, dela... Era uma amizade que dava saudade só de pensar!
Mas tanta ânsia logo se esgota.
Restava se respeitarem e se aceitarem ou acertarem dentro do que sabem um do outro, em tão pouco tempo. Mas um não aceita ser dominado, e o outro parece ter capricho em dominar. O que é inevitavelmente uma relação temporária. Infelizmente.
A virgem e o touro. Será? Será deuses que isso terá maior futuro? Não pode a ambição e o orgulho evitarem?
Não se sabe mas se tenta, pois não há coisa mais triste que ter paz, e se arrepender e se conformar e se proteger de uma amor a mais. Não é?

18 comentários:

Anônimo disse...

- deus nem sempre tem toda as reposta. só o amor dirá.

¬ ¬ [[[O sofrimento não esta na PAZ, ele esta no se arrepender de NÃO "ter" um AMOR a mais.]]]

Super Carneiro disse...

O escorpião, quando se vê em uma situação sem chance de fuga ou em um problema sem solução, ferroa-se a sí mesmo. Injeta veneno mortal em seu próprio corpo, tornando-se venenoso inclusive para quem o capturar. Ele nunca será capturado vivo.

Anônimo disse...

é! "esperto" ele, so resta O viver.

Anônimo disse...

A metáfora mais lúdica sobre sexo que eu já vi na vida hahahahahhahahahhahahahahhaha

bjos

Anônimo disse...

rárárárárárá

Super Carneiro disse...

num entendi o comentário do Oeste.

:P

só resta O viver?

Anônimo disse...

ESCORPIÃO = FINALIDADE

pq ele desejaria o veneno, a morte, se O viver é tão "longo",



bom!

Super Carneiro disse...

Ainda não compreendi plenamente, mas percebi que há mais por trás da tua interpretação do que supunha a minha vã filosofia.

:P

De qualquer forma, absolutamente perspicas e pertinente a tua interpretação. A única interpretação correta é a do leitor. Nunca a do autor. O autor que interpreta a própria obra mata-a.

Por favor, continue!

Aliás, deixe-me até prpopor uma solução: Por que querer O viver, por mais longo que ele seja, se o fim chega para todos.

Aliás, q q isso tem a ver com o texto do touro e a virgem?

Anônimo disse...

entao, continuamos...
o VIVER nao tem haver c o texto, tem haver c a situação do escorpião (o sonhador).
p o texto fica a 1ª post"gem".

o fim chega sim, mas viver "morto" vale? acho q vale nao, O viver, esse sim vale.

e quanto a interpretação, liga nao, é so a mente de um "sonhador"

Anônimo disse...

so p saber...

vc sempre pensa no "futuro"?
"medo" do fim?

Anônimo disse...

vc super carneiro

Anônimo disse...

"todo carnaval tem seu fim"
sabias palavras..

Anônimo disse...

é verdade!

Anônimo disse...

''I'm really just a phony/
but forgive me 'cause i'm stoned''

da canção ''Who Needs The Peace Corps?''autor - Frank Zappa and the Mothers of Invention, album - We're Only In It For The Money

achei que se encaixava bem aqui nos comentarios hahahahahahahhahahahha

Anônimo disse...

então...

QUEM PRECISA DO PEACE CORPS?
Qual é o incentivo para se viver?
Quem precisa do Peace Corps?
Acho que vou pular fora!
Eu vou até Frisco
Comprar uma peruca e dormir no chão do Owsley

Passei pela a loja de perucas
Dancei no Fillmore
Estou completamente chapado!
Sou hippy e estou viajando
Sou um cigano solitário
Vou ficar por uma semana e pegar chato
E pegar um ônibus de volta pra casa
Na verdade sou um falso
Mas me perdoe pois estou chapado

Toda cidade precisa ter um lugar
Onde falsos hippies se encontram
Calabouços psicodélicos
surgindo em cada rua
Vá à San Francisco!

Como eu te amo, como eu te amo
como eu te amo, como eu te amo Frisco!
Como eu te amo, como eu te amo
como eu te amo, como eu te amo
Nossa, meu cabelo está ficando bonito atrás!

Toda cidade precisa ter um lugar
onde falsos hippies se encontram
Calabouços psicodélicos
surgindo em cada rua
Vá à San Francisco!...

Primeiro eu vou comprar uns colares
E depois talvez uma bandana de couro
Para por ao redor da minha cabeça
Algumas penas e sinos
E um livro sobre doutrina hindu
Vou perguntar ao Gabinete do Comércio
Como chegar até Haight Street
E vou fumar um bocado de droga
Eu vou andar descalço
Eu terei um brilho psicodélico
Nos olhos todo o tempo
Eu irei amar todo mundo
Irei amar a policia enquanto eles me enchem de porrada no meio da rua
Eu vou dormir...
Eu vou, eu vou ir para uma casa
É isso que irei fazer
Eu vou para uma casa
Onde há uma banda de rock & roll
Porque todas as bandas moram juntas
E eu irei me juntar a uma banda de rock & roll
Eu serei seu gerente nas excursões
Eu ficarei com eles
E pegar chato
Mas não me importarei
Porque...

Super Carneiro disse...

lindo Oeste!! simplesmente genial!

Ah... eu pensava mais sobre o derradeiro destino de todos nós quando era mais novo. Agora eu estou meio anestesiado e daqui a alguns anos vou ser um empregadozinho de um escritório que num pensa em mais nada a respeito de comidade verme (nós) por que a monotonia e mesmice de seus dias tornaram-no um ser mecânico. Seres mecânicos não se preucupam com a ferrugem.

Ou talvez eu siga o exemplo do escorpião.

Anônimo disse...

só sei que nada sei...

em segundo lugar, sei também que super carneiro eh do Worms2, q saudade! preciso jogar...

Anônimo disse...

e carneiro, nessa "vida" é o q resta....o mundo fica tao distante quando nao se tem o PODER!!!


Aracy

Billie

Let's Face The Music And Dance

Let's Face The Music And Dance
Dinah

Ella

O Guardador de Rebanhos - trecho

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –«Se é que ele as criou, do que duvido» –«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.»
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu
Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

Branding...

Arquivo do blog