22 de janeiro de 2006

i² = -1

Por enquanto só deveria saber que x = a+bi, e outros por menores. Mas não conseguia esquecer o filme que habitava sua cabeça, e guiava seus pensamentos ao longo das horas preciosas que deveria estar conhecendo intimamente a mágica, ou se num nível mais avançado de estudo, a viagem de apenas no olhar realizar inúmeros cálculos, e subtrações de laranjas e no fim, "déix barrá di chocôlati, perguuuuntu, pra você, se dividí ao meiu dá pra vinti cumê!".
Ao som da ópera Carmen.
A Lapa estava cheia. Não abarrotadamente insuportável... mas cheia. Isso na Rua de Trás. Aquele Antro da Perdição. Entre vários déjà vus, a cena fixa dos flashes que consolidariam sua rejeição traziam seus olhos para baixo. Os assuntos mudavam, os copos subiam e voltavam cheios (não que já não estivesse pra lá de Marraquesh - aliás, sonhava em conhecer o anão de lá!), passando becks, fazendo um origami que, há! ironia do destino.... só agora ele foi perceber. Tarde demais! Será? Será a arte do encontro a força da paciência pós a fraqueza do desencontro?

E eis que pra melhorar o clima: NORA NEY!!! Começando, ironicamente, com Ninguém Me Ama, Ninguém Me Quer. O que é isso? Conspiração dos astros.?! Tudo que fez parecia estar pagando agora. Agora sim tinha a ver!!!!
CLUBE DA ESQUINA! Não só porque o Nome dela é Nuvem, ou porque o Parque das Ruinas é azul.... é porque eu deveria ser sem medo. "Tudo ou nada? Tudo que você consegue ser ou nada!"
Há letras que só se ouve (diferente de escuta) em incalculáveis momentos da vida. Tudo parece um filme mesmo... só esperar a hora certa ¬¬
"How ever big you think you are? Sexy Sade the greatest of them all!"
"Happiness is a warm gun....bag bang shoot shoot"
Pra finalizar minha dispersão em narrar a saga da ligação não respondida... (afinal vou assistir o coucher du soleil à Ipanemá) concluo que:
1. Se eu não sou a mulher da vida dele, logo ele não é o homem da minha vida; (simples mas muito importante)
2. Life is real just when I AM. (Gurdjieff)
"Mais vale a pena arrumar a mala" ( Fernando Pessoa)

filosofias estas traduzida em I wish, concordem ou não, a letra é uma oração ao ritmo tribal para o séc. XXI rs
e... OBS final!
"Déjà Vu escreve-se mesmo com esses dois acentos, um para cada lado (este é um bom exemplo para aqueles que acham confusa a acentuação do Português ...). Pronuncia-se /dê-já-vu/; a sílaba final não é nem /vu/, nem /vi/, mas sim o famoso "U" francês, o "U" com biquinho.
Os especialistas em bobagens reagem contra a limitação do "vu", que restringiria ao mundo do que pode ser "visto", e já soltaram por aí formas paralelas que fariam referência mais específica aos vários tipos de situação: "déjà vécu" ("já vivido"), "déjà lu" ("já lido"), "déjà entendu" ("já ouvido"), "déjà visité" ("já visitado") - o que pode um dia acarretar um "déjà mangé" ("já comido") ou um "déjà bu" ("já bebido")."

Como muito bem lembrado pela Wikipédia.

3 comentários:

Anônimo disse...

eai linda ... soh pra provar q eu entrei msm ... hehe .. .bjao!

Anônimo disse...

(esse foi o TOM).

Anônimo disse...

A matemática e a vida não estão assim tão afastados.

Assim como na matemática, devemos ter cuidado para sempre mantermos o Imaginário separado do real.

Sabe... essas coisas são todas muito complexas


Aracy

Billie

Let's Face The Music And Dance

Let's Face The Music And Dance
Dinah

Ella

O Guardador de Rebanhos - trecho

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças. O seu pai era duas pessoas...
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele, que só nascera da mãe,
E nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.
A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
Sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito Santo coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada
Das coisas que criou –«Se é que ele as criou, do que duvido» –«Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso se chamam seres.»
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O Menino Jesus adormece nos meus braços
E eu levo-o ao colo para casa.
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.
Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.
Esta é a história do meu
Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

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